20 de nov. de 2011

TRINTA E NOVE - UM TEXTO PARA O DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA:


trinta e nove


Sou negro. Negro por definição. Assim como uns são altos, gordos, brancos, eu sou baixo, magro e negro. Minha mãe, descendente de índios e portugueses, nasceu clara. Meu pai, descendente de africanos e italianos, nasceu escuro. Eu, fruto da miscigenação como tantos outros, por algum capricho genético, nasci com lábios grossos, cabelo crespo e pele escura.  Por que negar-me como negro? Ou por que afirmar-me como tal? Pois sou negro assim como tenho 1,68 MT ou como calço 39. Ser negro é uma das coisas que me fazem ser como eu sou, e não o que me faz ser quem sou.
Por isso, não entendo por que as pessoas têm a necessidade de rotular uns aos outros. Negros, nordestinos, pobres, Brancos ou ricos, que diferença isso faz? Afinal, antes de sermos de raça branca, negra, amarela, ou seja  lá qual, pertencemos a raça humana. O sangue que foi derramado na guerra em Ruanda é da mesma cor que o derramado nas guerras européias, ou nas ruas em São Paulo. Vermelho: tanto o do ariano quanto o do africano, vermelho.
Então, por que um negro ter se candidatado à presidência é algo tão extraordinário assim? Ou seria tão estranho um menino mendigar caso ele fosse branco e tivesse olhos azuis? Desde quando deixamos de ser João, Maria, Marcos e Ana, e passamos a ser meros estereótipos de uma raça ou de uma classe social.
É claro que reconheço a herança cultural que os negros trouxeram ao mundo: o rock, o jazz, o samba, o axé e a capoeira. A ginga, a força, o largo sorriso branco, as curvas da mulata. Mas não posso aceitar ser definido pela cor da minha pele. Só por que sou negro, tenho de gostar de samba? De ser craque em futebol? De ser pobre? Eu decido quem eu sou! Eu decido do que gosto, o que quero e o que faço. Não interessa que eu seja negro, ou calce 39. Pois a maior liberdade que a abolição nos trouxe, é a de sermos quem quisermos ser.

- MarcosRobertoMoreira

12 de dez. de 2009

MENINA MOÇA




“Quando a menina vira mulher, os homens viram meninos
Anúncio de lingerie




A beleza que repousa
dentro de um casulo ainda
Um esboço de mulher
Sob contornos de menina

Já faz de si uma boneca!
Vestida num justo corpete
de silhueta empinada
desfila toda coquete

No breve rubor da face
sobre a pele acetinada
ela oculta a esperteza
e a malícia articulada


(leia o restante)