trinta e nove
Por isso, não entendo por que as pessoas têm a
necessidade de rotular uns aos outros. Negros, nordestinos, pobres, Brancos ou
ricos, que diferença isso faz? Afinal, antes de sermos de raça branca, negra,
amarela, ou seja lá qual, pertencemos a
raça humana. O sangue que foi derramado na guerra em Ruanda é da mesma cor que
o derramado nas guerras européias, ou nas ruas em São Paulo. Vermelho : tanto o do ariano
quanto o do africano, vermelho.
Então, por que um negro ter se candidatado à
presidência é algo tão extraordinário assim? Ou seria tão estranho um menino
mendigar caso ele fosse branco e tivesse olhos azuis? Desde quando deixamos de
ser João, Maria, Marcos e Ana, e passamos a ser meros estereótipos de uma raça
ou de uma classe social.
É claro que reconheço a herança cultural que os
negros trouxeram ao mundo: o rock, o jazz, o samba, o axé e a capoeira. A
ginga, a força, o largo sorriso branco, as curvas da mulata. Mas não posso
aceitar ser definido pela cor da minha pele. Só por que sou negro, tenho de
gostar de samba? De ser craque em futebol? De ser pobre? Eu decido quem eu sou!
Eu decido do que gosto, o que quero e o que faço. Não interessa que eu seja
negro, ou calce 39. Pois a maior liberdade que a abolição nos trouxe, é a de
sermos quem quisermos ser.
- MarcosRobertoMoreira